Muito se tem escrito sobre o tema e o mesmo presta-se a diversas interpretações. Por que razão me ocorreu falar sobre o mesmo? Pelo simples facto de ter levado o meu tempo a ver concretizado o sonho de escrever e ver publicadas, sobretudo, histórias infantis.
Até chegar a este ponto percorri um caminho em que ‘usei vários chapéus’, como os ingleses costumam de dizer. Desde muito pequena que desejava ser professora e escritora. Sentia o impulso, quase uma necessidade, de escrever histórias, a ponto de criar livros ilustrados por mim (muito rudimentarmente, diga-se), feitos em folhas de cadernos, por vezes com capas de cartão e cosidos à mão. Eram as minhas histórias, que ficaram perdidas no tempo, mas que me davam muita alegria. Também inventava histórias para contar às minhas irmãs, mas ficava-me por aí, porque era bastante tímida.
Conforme referi, fui ‘usando diferentes chapéus’, porque a vida por vezes nos encaminha para alguns lugares diferentes dos que imaginávamos. Todavia, sem que nos apercebamos, estão a ser lançadas as sementes, mesmo muito pequeninas, que hão de germinar no nosso futuro. Nem que seja pelas pessoas maravilhosas que vamos conhecendo, que nos ajudam a subir mais um degrau, a ficar mais perto dos nossos sonhos, ainda que não os vislumbremos.
Já pensaram como uma pequena coisa pode mudar tudo, para além do que possamos imaginar? Pois foi o que aconteceu comigo. Numa altura em que, devido a problemas de saúde, me sentia desmotivada e cheia de dúvidas sobre mim própria, por um desses acasos programados pelo Universo, deparei-me com o “Minicurso Semana da Escrita”, ministrado por Analita dos Santos. Estava a faltar na minha vida uma parte relacionada com a criatividade e reencontrei-a aí mesmo.
Era tudo ministrado online (umas das bênçãos da pandemia) e, como tal, o facto de me residir em Londres não constituiu impedimento. Gostei tanto que me inscrevi no Programa ‘Escrita em Ação’ e daí segui para o Programa ‘Livro em Ação’, igualmente da responsabilidade de Analita dos Santos. Na altura já tinha frequentado outros cursos, mas estes superaram tudo.
Comecei como uma forma de terapia, mas fui-me apercebendo de que afinal estava a enfrentar uma espécie de jornada de herói (heroína). Sentia-me como que num mundo paralelo, cheio de emoções e desafios. Os meus antagonistas não eram mais do que receios, procrastinação, criatividade bloqueada. Nessa jornada também encontrei outros companheiros que com as suas partilhas me ajudaram a sentir parte desse mundo. Foi uma porta que se abriu e a transformação ocorreu.
Em resultado do. Programa 'Livro em Ação', tive o meu conto Até que os Sinos Dobrem, publicado na Antologia Não Vão os Lobos Voltar.
O melhor de tudo é que foram surgindo outras oportunidades de formação e fiquei determinada a manter viva a chama da escrita e alcançar o sonho de escrever histórias para crianças. Descobri a seguir os cursos da Escrever Escrever ministrados por Leonor Tenreiro, que me alimentaram ainda mais esse gosto. Paralelamente, comecei a colaborar na Revista Palavrar, uma iniciativa de Diana Almeida e Analita dos Santos ( Revistas - Palavrar https://palavrar.oprazerdaescrita.com/ ) e logo na sua primeira edição tive um conto infantil publicado. Para mim foi uma grande conquista, que se repetiu na segunda edição, com mais um conto infantil.
Por último, mais uma porta se abriu: a da Editora Trinta-Por-Uma-Linha, na pessoa do Professor Doutor João Manuel Ribeiro. Para além de usar os valiosos recursos disponibilizados por esta editora, inscrevi-me no desafio “Como escrever uma história infantojuvenil em 14 dias?”, promovido pela referida editora, através do seu LabDEC – Laboratório Digital de Escrita Criativa. Foi nessa sequência que tive a grande alegria de ver o meu conto Um Aniversário com Tubarões’, publicado na Antologia Contos que Contas Tu, resultante desse desafio. Sei que não é o fim da jornada e que muito mais há para continuar a aprender. Tenho juntado um enorme tesouro — todos os recursos e ferramentas disponibilizados — e estou muito grata aos mestres como Analita dos Santos, Sara Timóteo (com quem aprendi a escrita sensorial e sinestésica), Leonor Tenreiro, João Manuel Ribeiro e muitos outros com quem me tenho cruzado, bem como a todos os companheiros e companheiras dos grupos de escrita de que faço parte.
Por tudo isto, a alguém que tenha um desejo que continue a procrastinar qualquer desejo, por pensar que é tarde, gostaria de dizer que nunca é tarde. Não hesite. Persiga o sonho, vá por diante, ainda que com passinhos pequenos, pois se as sementes estiverem lá, as oportunidades aparecerão e as pessoas certas, aquelas que nos contagiam com o seu entusiasmo e que nos vão guiando por um caminho que, embora nosso, não podemos fazer sozinhos, aparecerão. Não tenho dúvida de que se aceitarem esse desafio, viverão experiências enriquecedoras e transformadoras. Confiem! Acreditem que nunca é tarde!
Teresa Dangerfield
Sobre mim
Teresa Dangerfield
Sou escritora
quando prendo as palavras para criar mantas de sentido.
e sou poeta
quando as palavras que junto me emprestam magia.