Image by freepik.com/free-photo/back-view-little-red-riding-hood-forest
Romanceiro
Capuchinho Vermelho e o Lobo Bom
Podem achar impossível
a história que vos vou contar,
porque isto de lobos bons
põe muita gente a pensar.
Então escutem lá bem,
prestem mesmo muita atenção,
pois no fim eu queria muito
ter a vossa apreciação.
Em tempos que já lá vão
Havia um lobo muito tímido.
Os amigos, ou talvez não,
desafiaram-no um dia
a apanhar a Capuchinho,
a de vermelho, pois claro,
tal como a história dizia.
Essa, leu-a vezes sem conta,
até a saber de cor,
e lá foi ele espreitar,
escondido atrás de uma árvore,
ia Capuchinho a passar.
O pobre tremia tanto,
estava tão envergonhado,
ele, o lobo bom, não queria
ser o mau daquela história.
Queria antes escrever outra,
mesmo sem contar vitória.
Mas lembrou-se dos amigos
e desatou a correr.
Chegou a casa da avó
da Capuchinho, pois claro;
bateu, bateu e entrou
e algum tempo passou.
Até que a Capuchinho
acabou por chegar também.
E, deitada na sua cama,
com um chá e biscoitinhos,
num tabuleiro refinado
com um bordado branquinho
e o lobo à sua beira
encontrou a avozinha,
muito feliz e rosadinha.
Capuchinho nem falou.
Nem sabia o que pensar!
Mas a avó logo explicou:
—Tu nem vais acreditar!
Este lobo tão simpático
veio para me visitar
e até me fez um chazinho,
não sabia se tu vinhas,
estávamos a conversar.
Sei que tens medo de lobos
Mas neste podes confiar.
E foi assim que a avó,
Capuchinho e o lobo bom,
Naquela tarde fantástica
grandes amigos se tornaram
e para sempre assim ficaram.
Desta forma, também
outra história eles escreveram,
que acabou mesmo bem,
pois quis o lobo que era bom
acompanhar Capuchinho
de volta à casa da mãe,
não fossem por aí aparecer
uns lobos maus no caminho.
Era esta a história
que tinha para vos contar
Obrigada por me ouvirem,
fico à espera de saber,
se acham que há por aí lobos
que vale a pena conhecer.
Sobre mim
Teresa Dangerfield
Sou escritora
quando prendo as palavras para criar mantas de sentido.
e sou poeta
quando as palavras que junto me emprestam magia.