Nunca percebera por que razão tinha horror a portas fechadas. Sentia-se claustrofóbica, como se não apenas as portas, mas todos os espaços em seu redor se fechassem, enclausurando-a para sempre.
Naquele dia estava de visita a um mosteiro. Adorava o silêncio aveludado que aqueles claustros proporcionavam. Dada a hora, ainda não se viam turistas deixando os seus ecos menos respeitosos àquele lugar. Por isso, apenas absorvia o ar cristalino da manhã, o perfume aconchegante das flores bem tratadas que rodeavam o centro do claustro e, o canto conciliador de alguns pássaros que, decerto, também tinham adotado aquela tranquilidade.
Por momentos, Rosa fechou os olhos e deixou que os primeiros raios de sol matinal lhe banhassem o rosto e o coração. Sentou-se no chão de pedra junto a um canteiro. Não percebeu como, mas sentiu-se transportada para um lugar que não conhecia. Via árvores e flores por todo o lado. O seu corpo era leve e parecia agora transparente, radiando luz. Os cabelos longos e louros flutuavam, mesmo sem se perceber qualquer brisa. Não conseguia descrever a paz e a sensação de amor que sentia. Apenas caminhou, em direção a uma luz mais distante. Percorria, entre árvores frondosas, um caminho de cristais e flores tão extraordinários que não encontrava palavras para descrevê-los. Apenas algo a intrigava: cada passo que dava parecia tornar mais distante a luz que via ao fundo do caminho. Virou-se para trás. Viu uma porta. Seria uma armadilha? Estaria prisioneira?
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Este é o início do meu microconto, seleccionado como um dos vencedores no desafio de escrita lançado pela escritora Lara Barradas, através do seu Laborátorio de Escrita.
Poderão lê-lo na íntegra seguindo o link abaixo.
https://www.laboratoriodeescrita.com/escritacriativa/a-porta
https://www.laboratoriodeescrita.com/
Sobre mim
Teresa Dangerfield
Sou escritora
quando prendo as palavras para criar mantas de sentido.
e sou poeta
quando as palavras que junto me emprestam magia.