As raposas conquistaram, ao longo dos anos, um lugar especial na literatura infantil. São frequentemente retratadas como astutas e inteligentes, capazes de fascinar e cativar a imaginação dos jovens leitores. No entanto, é interessante notar que essa representação nem sempre é positiva. Também são vistas como vilãs em muitas histórias infantis, refletindo percepções culturais profundamente enraizadas sobre esses animais.
A sua astúcia e habilidade para escapar de situações difíceis cativaram a imaginação de muitos autores e leitores. Por isso, não admira que existam várias histórias infantis em que elas são protagonistas. Cada uma dessas histórias oferece uma perspectiva única sobre esses animais e suas características distintas, desde astúcia e inteligência até complexidade moral.
Alguns exemplos:
O Romance da Raposa é a primeira obra para a infância, de Aquilino Ribeiro. Trata-se da adaptação de uma fábula medieval portuguesa e é uma das obras mais importantes da literatura portuguesa do século XX. Segue as aventuras de uma raposa que se revolta na sociedade, o que serviu para o escritor criticar a sua época.
A Raposa e as uvas é uma das fábulas mais conhecidas de Monteiro Lobato, um escritor brasileiro de origem portuguesa. Inspirada na fábula de Esopo, "A Raposa e as Uvas" conta a história de uma raposa que tenta alcançar um cacho de uvas pendurado alto em uma videira, mas desiste e menospreza as uvas quando não consegue alcançá-las, justificando que não estavam maduras o suficiente.
É uma história que ensina lições sobre empatia, consideração pelos outros e justiça.
A Raposa e a Cegonha é uma fábula atribuída a Esopo, também recontada por Jean de La Fontaine, entre outros. É uma das mais conhecidas e populares em todo o mundo, e sua versão varia em detalhes dependendo do autor ou da cultura. Na história, a raposa convida a cegonha para jantar e serve a comida num prato raso. A cegonha não consegue comer por causa do seu bico longo. Como vingança, a cegonha convida a raposa para um jantar e serve a comida num jarro longo e estreito e, assim, a raposa também não consegue comer.
Então, percebe a reciprocidade da situação e aprende que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, praticando empatia e justiça nas relações interpessoais.
O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry. Nesta história, que é uma das minhas preferidas, a raposa é representada como uma figura sábia que ensina ao protagonista a importância da amizade e dos vínculos emocionais.
O seu papel é fundamental para o desenvolvimento do protagonista, ajudando-o a compreender o verdadeiro significado da amizade, da conexão e do amor, enquanto explora temas mais profundos sobre a natureza humana e o propósito da vida. A própria raposa compartilha suas reflexões sobre a vida, a solidão e a importância de estabelecer vínculos verdadeiros com os outros.
The Tale of Mr. Tod (em português: A História do Sr. Tod), de Beatrix Potter, conta a história de um texugo chamado Tommy Brock e do seu inimigo, o Sr. Tod, uma raposa. Neste caso, ambos são vilões. Mr. Brock visita o Sr. Bouncer Bunny, e rouba os seus netos, para os cozinhar e comer. O pai deles, Benjamin Bunny e o primo, Peter Rabbit, seguem Tommy Brock até uma das casas do Sr. Tod, para tentar salvar os pequenos coelhos.
O Sr. Tod não tarda a aparecer e fica furioso ao descobrir que o texugo está a dormir na sua cama. Depois de montar uma armadilha que não surte efeito, a raposa e o texugo lutam entre si. Benjamim e Peter aproveitam e salvam os coelhos raptados.
Em "As Aventuras de Pinóquio", de Carlo Collodi, a raposa também é retratada como um dos vilões da história, enganando o ingénuo Pinóquio com suas mentiras e manipulações.
Fantastic Mr. Fox" (O Fantástico Sr. Raposo, em português), de Roald Dahl, apresenta uma perspectiva única sobre as raposas. Mr. Fox é um herói rebelde, que desafia a autoridade dos agricultores e luta pela sobrevivência da sua família e da comunidade animal local. Todos os dias, sai da toca para ir buscar comida às quintas vizinhas. Quando os agricultores montam uma armadilha para o matar, pensando ser impossível ele fugir, o Sr. Raposo tem um fantástico plano para escapar…
Apesar de suas atividades ilegais, o Sr. Raposo é retratado como um pai amoroso e um líder corajoso, capaz de arriscar tudo para proteger aqueles que ama.
Estes são apenas alguns exemplos de histórias que destacam as raposas como personagens centrais, refletindo a sua complexidade e dualidade na literatura infantil. Podem ser retratadas tanto como figuras sábias e benevolentes, quanto como antagonistas astutos e cheios e artimanhas.
Existem muitos outros exemplos notáveis que exploram essas facetas das raposas. Conhecem alguns?
𝓣𝓮𝓻𝓮𝓼𝓪 𝓓𝓪𝓷𝓰𝓮𝓻𝓯𝓲𝓮𝓵𝓭
𝘛𝑜𝘥𝑜𝘴 𝘰𝑠 𝑑𝘪𝑟𝘦𝑖𝘵𝑜𝘴 𝘳𝑒𝘴𝑒𝘳𝑣𝘢𝑑𝘰𝑠
Sobre mim
Teresa Dangerfield
Sou escritora
quando prendo as palavras para criar mantas de sentido.
e sou poeta
quando as palavras que junto me emprestam magia.